Que ascenda aos céus ao som das trombetas dos anjos celestiais o pai, ou a mãe, que nunca ouviu de seu amado rebento a frase: papai (ou mamãe) eu não gosto de você!⠀
Quando dona Manuela está contrariada, ocasionalmente, ela me solta uma dessa! E por vezes ainda acompanha junto outra célebre frase: Seu chato! (De bônus vem uma carinha de brava que é a coisa mais deliciosa do mundo 🥰).⠀
E aí? O que fazer? Relembrar os tempos de nossos pais que se disséssemos algo nesse sentido vinha em resposta um chinelo, um tamanco, uma vara de marmelo (só quem é do interior ou cidade pequena vai entender essa)? Ou ressignificar a relação?⠀
Entendam uma coisa: não estou aqui para fazer julgamento das atitudes dos meus pais, muito menos dos pais de ninguém. A geração deles fez o melhor que pode da forma que pode, e infelizmente não tinha a quantidade de acesso a informação que temos hoje, e provavelmente eles foram criados por uma geração ainda mais endurecida. Nós apenas não precisamos repetir o ciclo!⠀
É fácil? Claro que não. Lembram do post que disse que as crianças aprendem muito mais absorvendo as atitudes dos adultos que ouvindo o que eles dizem? É um difícil exercício diário ressignificar o que aprendemos inconscientemente.⠀
No caso da situação da frase, a primeira coisa que temos que entender é que o ataque não é algo pessoal, geralmente são reação de raiva por alguma contrariedade que vivenciaram; e se pra muitos de nós, adultos, é difícil diferenciar uma crítica a uma postura ou comportamento com uma ofensa pessoal, imagine uma criança em toda sua intensidade de emoções?⠀
Validar a raiva que a criança está sentindo vai ensinar a ela a lidar de forma mais sadia com as adversidades. ⠀
🧔 filha, papai entende que nesse momento por tal situação você se sinta com raiva do papai. Às vezes ficamos chateados com as pessoas em algumas situações, mas o papai continua te amando!⠀
“não vá embora, fique um pouco mais...” o textão continua nos comentários. Vai lá!!
(eu sempre tive imensa dificuldade de escrever pouco - esse comentário é uma reflexão atual da minha eterna prolixidade)
Tentar compreender o contexto que gerou a descarga emocional e contextualizar para a criança o motivo pelo qual foi contrariada em sua vontade.
🧔 eu entendo que você gostaria de ficar mais tempo brincando na piscina, papai também gostaria! Mas está ficando tarde e o vento está esfriando. Desse modo pode ser que você se gripe e depois vai ficar mais dias sem entrar na piscina.
Claro que nessas rompantes podem haver crianças que saem jogando coisas no chão, nessas situações não precisamos ser permissivos. Devemos colocar para a criança o que é ou não é permitido nesse momento de forma empática.
🧔 eu entendo que nesse momento você esteja nervoso com o que aconteceu, mas não é aceitável você jogar e quebra as coisas quando se sente assim! O que podemos fazer para que você se acalme? (Aí tem uma gama de soluções: respiração, um abraço prolongado, correr, etc.) .
E vocês, como se sentem e o que costumam fazer quando o filho(a) de vocês diz que não gosta de vocês? Compartilha aí nos comentários.
O legal de reeditar esse texto alguns anos depois e tentar perceber se houve mudança, em mim e na Manu.
Há tempos percebo poucos rompantes de raiva na Manuela. Hoje os episódios são ligados quase exclusivamente ao uso de telas.
Acho que existe mais um olhar de mágoa direcionado a mim, que um ataque verbal quando se sente frustrada e inundada de sensações.
E digo que esses olhares chorosos são piores que um rompante de raiva seguido por um sonoro "eu te odeio, você é o pior pai do mundo!"
Entendam também que eu não sou, nem nunca fui, a pessoa calma e espiritualizada que o texto da época parece mostrar.
Sempre fui, e ainda sou, bem estressado! O mindfullness e a meditação foi um mecanismo que me ajuda diariamente a trabalhar essa característica.
E obviamente existem momentos em que estamos mais vulneráveis a se sentir estressados, seja lá pelo motivo que for.
E nesse cenário são muito mais comuns meus rompantes de raiva que os dela! e digo que não foi apenas uma vez que Manuela chamou minha atenção com empatia tentando entender a razão do meu nervosismo.
(triste verdade essa aí do parágrafo anterior)
Fica de lição, ao fim desta reedição, voltar mais para o esse que escrevia anteriormente, que para esse que escreve atualmente.
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